27 junho, 2012

A morte de mamãe e outras coisas

Oi pessoas.
Sim, exatamente com esse título faço o texto mais longo do Mais Atitudes penso comigo, mami faleceu dia 12/06/12, aquela que eu achei que ficaria muito mais tempo comigo se fora. Ainda penso que é tudo um grande pesadelo, ainda não acredito que aconteceu.Mamae não esperou eu encontrar meu marido, casar-me e lhe dar netos. A diabete por assim dizer a matou primeiro.



Essa foto foi no dia das mães desse ano, no fim de semana seguinte ela deu entrada no hospital de palmas e passado mais 30 dias ela faleceu. A dor no pé que eu falei ano passado retornou, era um problema vascular, comum em diabéticos idosos com problemas de má circulação. Dona Isabel deu entrada no HGP, ficou no pronto socorro por 14 dias e mais 17 dias na UTI. A primeira coisa que achei estranho foi ter levado para a UTI após o procedimento, porém os médicos disseram ser normal, visto que tinha vaga na disputada UTI do HGP e ali ela teria todos os cuidados necessários, bem melhor que ficar na enfermaria (maca num corredor bem grande do pronto socorro). x Primeiro ela fez uma arteriografia e não resolveu, semana seguinte ela fez uma angioplastia e parecia tudo normal de acordo com o Cirurgião Vascular que fez o procedimento no caso o dr Antônio Fagundes da Costa Júnior. Eu fui vê-la na UTI dia após, ela estava bem, sorria, conversou comigo, falou da cachorra e das plantas, disse que havia muito, muito tempo que não tinha uma noite de sono sem sentir dores. Então realmente estava tudo indo bem, mami sentia um cansaço, respirava, mas respirava com certa dificuldade, no outro dia na hora da visita ela estava tomando oxigênio e o medico intensivista disse que ela estava com infecção pulmonar, foi a última vez que falei com ela.

No mesmo dia, acho que dia 02 ou 03 de junho, mamãe foi entubada ou sedada como eles dizem, sedada, respirando com um aparelho, a infecção no pulmão foi se agravando, os rins pararam de funcionar. Após quinze dias na UTI o problema vascular piorou, o pé estava completamente roxo, a infecção pulmonar estava piorando, de acordo com uma intensivista, uma artéria do coração obstruiu-se, ou coisa do tipo, existe os termos técnicos para cada coisa, mas trocando em miúdos é isso aí, o coração já não estava mais dando conta do recado, nem os rins, então o vascular pediu consentimento para amputar a perna, (abaixo do joelho), não tinha outra alternativa e eu e minhas irmãs demos, achamos que isso seria o correto a ser feito. Queria salvar a vida de mami. Um dia depois, dia 12/06/12, a secretária do hospital me ligou e pediu que eu fosse até a UTI, eu fui esperando ver mamãe sair da UTI e ter que explicar porque estava sem a perna, mas...

Médico explicou, disse que ela teve uma parada cardiorespiratória, que tentaram por uma hora fazer reanimação, mas ela não resistiu.

Eu sempre imaginei como seria o dia que eu perderia minha mãe, um dia, mais cedo ou mais tarde a gente morre, por incrível que pareça, eu resisti firmemente, não entrei em choque, não me desesperei, não fiz drama, não fiz nada, não chorei demais, não clamei, não fiz absolutamente nada, recebi a noticia com tranquilidade fora do normal.

Achei estranho, quando eu cheguei no hospital não vê minha mãezinha lá naquela cama com os aparelhos. Achei mais estranho a psicóloga da UTI ter ido falar comigo e minha irmã e ter me oferecido água.

Mas quando o médico que sempre falava comigo veio no meu rumo, parou, passou, voltou, passou de novo e ai entrou e fechou a porta, ele não precisava dizer, eu soube.
Ai veio as partes doloridas.
A primeira foi avisar a meu pai, no dia de seu aniversário, ele esperava na sala, estava cheio de gente, eu nem sabia como dizer. Todo mundo ficou me olhando de um jeito estranho, eu estava com a declaração de óbito nas mãos, não sabia como dizer, ai foi ligar para as minhas irmãs, tinha que fazer 3 ligações.

Depois avisar as irmãs da minha mãe e ai por diante.

Então, fui conversar com a funerária, reconhecer o corpo de mamãe, estava irreconhecível, muito inchada. Mas era mamãe. Não saí de perto dela, não queria, fiquei na funerária esperando eles arrumarem o corpo, acompanhei o carro da funerária de Palmas até a nossa casa em Paraiso.

Uma vez, no velório da irmã mais velha dela, mamãe disse para mim que as partes mais doloridas do velório era a hora da chegada do corpo, a hora que todos os filhos se juntam ao redor do caixão (sempre tem um filho mais distante, um irmão que mora longe), a hora que o caixão é retirado da casa da família e finalmente quando cai a terra em cima dele. A minha mãe estava certíssima. Cada parte, cada momento.

E agora? não tenho mais ninguém para cuidar de mim. Mamãe desempenhava esse papel.

Se você não conheceu a mãe da dona desse blog, já falei dela varias vezes. Talvez nesse texto abaixo você saberá mais dela.
Heroina.
ps: quando eu fiz o texto anterior, sobre despedidas, não pensei em despedir de mami, falava em despedir de meus colegas de trabalho, é, coisa ruim quando vem, vem aos montes, eu também fui demitida do trabalho após 8 anos de casa.

10 comentários:

  1. Iara! Nem sei o que dizer para você. É destes momentos que não sei confortar, não sei adjetivar. Sei que doeu em mim desde o título. Beijos e abraços de conforto!

    Sei que devo cuidar rigorosamente de minha saúde, afinal, também descobrir que tenho diabetes em 2010. Já estou a dois anos convivendo com ela. E, é assim que temos que levar a vida: a qualquer momento vamo-nos daqui!

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  2. Anônimo6/27/2012

    Iara, lamento de coração sua perda. Imagino sua dor. Minha mãe está com câncer, em tratamento, mas, apesar de ela estar aparentemente bem, sei que a situação é séria e só Deus pode reverter o mal. Tenho tanto medo dessa hora! Principalmente pq não consigo imaginar meu pai sem ela. Acho q sofro mais por pensar nele sem ela. Força aí pra vc e q Deus lhe conforte o coração. Abraço.
    Márcia

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  3. Anônimo6/29/2012

    Iara o teu relato,fez lembrar qdo minha mãe partiu em l997.e qdo vc pergunta quem cuidará de vc.me doeu profundamente,nunca mais encontrei alguem com quem compartilhar meus medos,minhas duvidas e nada conforta a gente. mas temos que continuar,Deus tem um proposito para cada um de nos,as vezes doi muito em outras visualizamos dias melhores,e vamos vivendo. força guria,não fique triste e nem sozinha se nesta vida somos uma passagem,viva a tua com amor alegria e coragem. Um abraço bem aconchegado.
    SEJA FELIZ

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  4. Anônimo6/30/2012

    Querida Iara, sinto muito pela perda de sua mãe. Aconteceu tudo de maneira muito parecida com a minha, que também faleceu em decorrência de problemas vasculares no dia 12/07/2005. Ainda sinto muitas saudades dela, éramos grudadas e muito amigas, também não pude dar um neto a ela. Espero um dia, poder reencontrá-la no mundo espiritual. Desejo a você força para prosseguir, que Deus console o seu coração, que você encontre um companheiro amoroso e possa ter seus filhos. Receba um abraço virtual meu, com muito carinho.
    Cristiane Bernadete de Jesus
    crissa@uol.com.br

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  5. Iara, meus sentimentos. Só quem já perdeu mãe, pai, sabe o que vc está sentindo e como é sofrido. Um beijo grande pra vc.

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  6. Triste, Iara... :( Dói só de pensar em perder alguém assim tão importante.

    Abraços e beijos do fundo do coração aqui, e muita força, Iara.

    (E eu estou aqui reescrevendo esse comentário, e acho que saiu menor da segunda vez... =/ )

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  7. Que pena. Meus sentimentos. Eu perdi meu padrasto e minha mãe antes de completar os dezoitos e até hoje sinto falta deles, mas a vida continua. Um beijo e um abraço bem forte!

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  8. Anônimo7/07/2012

    Deixo uma oração, não sei se acredita em Deus, mas se não acredita deixo então pensamentos positivos e mta força

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  9. Bernadete Faria7/08/2012

    Chorei com você, durante todo o texto. Sei o tamanho de sua dor, porque perdi minha mãe há menos de uma ano, depois de um mê de CTI. Chore, reze, desabafe. Só o tempo ajuda, não cura, ajuda.
    Bjos

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  10. Patricia1/20/2013

    Iara,estava lendo seu depoimento tentando encontrar forças para a dor que estou sentindo com a perda do meu pai que ocorreu há seis dias.Moro em Florianópolis e meus pais em São Paulo.Fui para São Paulo para levar o meu pai para fazer o procedimento de angioplastia.Ele saiu da sala de cirurgia super bem,falei com ele e parecia tudo bem.Foi para UTI para observação,masssss...recebi um telefonema as 24:30 para comparecer no hospital,pois ele teria que fazer outro procedimento.As 4:30 fomos comunicadas( eu,minha mãe e irmã) que meu pai havia falecido.Até agora parece que estou tendo um pesadelo,mas converso bastante com Deus através de minhas orações para que conforte o meu coração,da minha mãe e irmãos.É muita dor...Que Deus Abençoe.

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